• Estudo KPMG CEO Outlook 2023 foi realizado junto de mais de 1.300 CEOs internacionais, incluindo 50 líderes nacionais;
  • Tecnologia disruptiva, aspetos operacionais e supply chain são os principais riscos identificados pelos CEOs portugueses. Para os gestores globais o principal risco é a incerteza geopolítica;
  • 84% dos líderes nacionais não veem a IA generativa como uma prioridade de investimento, enquanto que para 69% dos CEOs globais este será um tema fundamental nos próximos anos;
  • Metade dos CEOs nacionais espera ter um retorno dos investimentos em ESG nos próximos cinco a sete anos. 

72% dos CEOs portugueses estão confiantes no crescimento da economia nacional nos próximos três anos e 90% acredita que a sua empresa terá um desempenho positivo no mesmo período. Um otimismo que é partilhado pelos líderes globais, com 78% a apostarem no crescimento da economia dos seus países, e 77% a olharem com confiança para os negócios das suas empresas.

Estas são algumas das conclusões do KPMG CEO Outlook 2023, um estudo internacional realizado anualmente a partir de um inquérito feito entre 15 de agosto e 15 de setembro de 2023, a mais de 1.300 CEOs internacionais, entre os quais 50 líderes portugueses, e que faz a análise de quatro grandes temas: perspetivas económicas, tecnologia, ESG e talento.

No âmbito económico há a destacar o facto de quase metade (40%) dos CEOs em Portugal preverem, para os próximos três anos, um crescimento do seu negócio entre 2,5% e os 4,99% ao ano. Os CEOs globais são mais cautelosos e 47% antecipam um crescimento mais tímido, entre 0,01% e 2,49% para as suas organizações. Numa altura em que as taxas de juro atingem valores recorde, os líderes nacionais (56%) concordam que o endurecimento das políticas monetárias poderá levar ao prolongamento de uma eventual recessão.

No que diz respeito aos riscos, as tecnologias emergentes e disruptivas são, para 28% dos CEOs portugueses, a maior ameaça para o seu negócio, seguido do risco operacional (22%) e do risco de quebra da cadeia de abastecimento (16%). Uma lista que tem algumas diferenças face à análise global, onde os CEOs identificaram a incerteza geopolítica como o principal risco para o negócio, um fator que no ano passado não entrava no top-5 de ameaças. 

    Um dos principais contrastes do estudo entre a perspetiva nacional e internacional regista-se na forma como se olha para a IA generativa. 84% dos CEOs portugueses não perceciona esta tecnologia como uma prioridade de investimento, ao passo que a nível global, 69% dos inquiridos identificaram-na como um dos fatores-chave para o negócio. No que diz respeito aos principais benefícios da incorporação de tecnologias disruptivas nas suas organizações, a grande maioria dos CEOs inquiridos estão alinhados: o principal benefício é o aumento da rentabilidade do negócio, com 40% das respostas dos CEOs nacionais e 22% das respostas dos CEOs internacionais. Relativamente à cibersegurança, na perspetiva dos seus líderes, as organizações em Portugal estão melhor preparadas para um ciberataque comparativamente às organizações internacionais: 90% dos líderes nacionais diz-se bem ou muito bem preparado enquanto globalmente este número cai para 53%.


    80% dos CEOs portugueses declaram que estão preparados para o escrutínio dos stakeholders e dos acionistas em matérias de ESG, por oposição a apenas 32% dos líderes internacionais. A importância do tema do ESG é indiscutível, com os dados nacionais a indicarem que este poderá, a curto prazo, contribuir para a atração de talento (36%) e para a construção da reputação de marca (30%) e os resultados globais a destacarem o seu papel na criação de relações mais fortes com os clientes (24%). Com o aparecimento dos novos critérios internacionais de reporte em ESG, as empresas têm olhado de uma forma mais aprofundada para a recolha de métricas associadas a esta temática, sendo que 58% dos CEOs portugueses afirmam que a sua empresa tem as competências e capacidade necessárias para cumprir com estas novas regras. Um número que fica aquém do registado globalmente, onde 74% dos líderes mostrou-se preparado para esta nova realidade. Também na expetativa de retorno há divergências na comparação nacional com a global. Metade dos CEOs portugueses inquiridos espera ver um retorno do investimento em ESG num espaço de cinco a sete anos. Mais otimistas estão os gestores globais, uma vez que 27% diz que esse retorno acontecerá entre um e três anos, e metade afirma que será entre três e cinco anos.


    A procura e retenção de talento é uma prioridade para os CEOs de hoje, e os vários estilos de liderança vão-se adaptando à medida que as gerações se modernizam e procuram características diferentes nas organizações. Isto reflete-se nos estilos de liderança atuais, e prova disso é a opinião de 86% dos CEOs portugueses e de 77% dos CEOs globais, que referem que um estilo de liderança que implique uma gestão e responsabilidades operacionais partilhadas permite resultados mais bem-sucedidos. Na evolução da componente de IDE (Inclusão, Diversidade e Equidade), as opiniões nacionais e internacionais dividem-se: em Portugal 72% dos líderes não concorda que o progresso do IDE nas empresas tenha sido lento, uma opinião que não é partilhada por 66% dos CEOs globais.